Eu não sei você, mas todo projeto de redesign me dá uma vontade louca de começar do zero e mostrar pro mundo quem é o designer f*dão aqui… e isso quase sempre é uma péssima ideia!
É importante ter em mente que logos são símbolos de anos de trabalho por pessoas que suam diariamente pela marca, portanto jogar tudo no lixo é também jogar a história dos trabalhadores no lixo (assim como tudo que os clientes da empresa).
Mas a boa notícia é que é plenamente possível fazer um baita redesign sem recomeçar do zero, por isso hoje daremos 7 dicas para fazer redesigns de logotipo que realmente funcionam — garantindo que seus clientes amarão a sua próxima obra-brima criativa e que muitos outros clientes virão após eles! 😉
Tópicos do Artigo
(RE)Faça um logotipo simples
Nosso cérebro faz cálculos tão rápido quanto se confunde, portanto exagerar nos detalhes de um logo tende a ser uma receita certa para criações ineficientes e até desagradáveis — tipo esse antigo brasão da seleção dos Estados Unidos à esquerda.
Primeiro você vê a bola, mas os detalhezinhos azuis das estrelas dão vontade de olhar para elas; só que aí ainda tem as listras azuis embaixo e linha do escudo dentro do escudo; os contrastes de azul vs vermelho et cetera, et cetera… Pra quê?!
Por que as estrelas não podiam ser apenas brancas? Pra que escudo dentro de escudo? Tudo não passa de ruído!
Um velho ditado do design gráfico diz que “o seu novo logo é o seu último desenho, mas só depois que você descarta tudo que não é essencial nele…” Esse redesign é uma grande prova disso!
Dica pra vida de uma das maiores agências do mundo: as marcas mais simples sempre vencem!
Crie um logotipo moderno, não revolucionário
[bs-quote quote=“Desconstruir; nunca demolir.” style=“style-17” align=“center” color=”#62366f”][/bs-quote]Um logotipo (ou seria uma logomarca?!) é o rosto de uma empresa, por isso esse artigo poderia ser resumido a seguinte pergunta: como você se sentiria se visitasse teus pais hoje e eles não tivessem os rostos que você viu nos últimos 20 anos? Seria aterrorizante, não?!
Tudo bem o teu pai mudar a barba ou a tua mãe mudar o corte de cabelo, o cérebro entende que isso é um “upgrade” ou retoque, porém deixar de ser negro e virar branco (ou branco virar asiático) assustaria já que a quebra de padrão seria gigantesca…
E essa exata mesma lógica se aplica ao design de logotipos!
O cara que pegou o redesign da Espinaler poderia ter pensado: “vou arregaçar esse lixo e mostrar como sou fo**,” porém seu bom senso tomou as rédeas e concluiu que “essa marca existe desde 1896; o meu orgulho não pode apagar a grandeza dessa história”.
É exatamente por isso que o peixinho retorna com os mesmos traços de sempre e uma fonte idêntica a anterior, porém agora com os problemas de kerning resolvidos e o peixinho 200 anos mais jovem, garantindo para todos que essa é a boa e velha Espinaler de sempre.
Tudo mudou bastante? Sim. Quem olhar pensará que é outra empresa? Definitivamente não, e é justamente por isso que esse redesign é louvável!
Mantenha as melhores cores do logotipo
Que falta o vermelho fez no novo logo dos Bucks? Absolutamente nenhuma!
Por essa razão o redesign do Milwaukee Bucks segue uma linha minimalista que descarta detalhes e cores inúteis e mantém apenas a cor verde, que tem apelo emocional para os cidadãos de Milwaukee.
Note também que o design parece ter apenas uma cor embora tenha (três se considerarmos o branco). Por que isso o designer gráfico fez isso?
Porque é bom que toda marca tenha UMA cor dominante, logo o designer apoiou o verde em um bege que valoriza a cor principal ao invés de chamar atenção para si!
Um domínio e tanto teoria das cores, não?
Deixe a marca mais legível
O redesign da Spud Fish & Chips é uma aula de como refazer um logotipo por completo sem descaracterizar a marca!
Note que o designer enalteceu o nome pelo qual a marca é conhecida (SPUD) para garantir que todos o restaurante reconheceriam só de bater o olho no desenho — o que é seguido do “Fish & Chips” bem diagramadinho abaixo caso o cliente ainda esteja com dúvidas.
E embora colocar a data no desenho seja mais comum em logotipos para eventos, o criativo a manteve aqui para valorizar essa franquia centenária; reforçar o reconhecimento entre velhos clientes; e gerar social proof entre os novos.
Nota 10! : )
DICA: Como fazer um Projeto de Naming: do rascunho a internacionalização
Crie seu logo com os Illuminatis
Essa não é bem uma dica de REdesign, mas de design em si: adicione “easter eggs” as suas marcas sempre que puder pois os espectadores amam decifrar identidades visuais!
Um leigo verá apenas um D rasgado no logo do D‑Day, mas um visitante do museu perceberá / aprenderá que alí se esconde um pouco de toda a história que ele representa, agregando assim valor ao seu job e o fazendo se sentir esperto pela descoberta. (E o objetivo de um bom logo não é justamente causar boas emoções?!)
MAS ATENÇÃO: você precisa ter equilíbrio nesse jogo de segredos!
Essa identidade visual funciona porque ela é bonita e coerente mesmo que você não a decifre, diferente de certos logos por aí que são tão abstratos que viram quebra-cabeças insípidos para a maior parte das pessoas.
Matenha o que há de mais importante no logo
Eu odiei essa maluquice que é o novo logotipo do Instagram, porém até ele tem algo a nos ensinar:
Esse redesign nasceu porque aquela shape branca do novo ícone era a única coisa que se repetia quando os funcionários do Insta redesenhavam o logo antigo de cabeça — ou seja, isso era a única coisa que importava em meio todos aqueles detalhes.
Veja que todos os desenhos anteriores seguem essa regra: o design do brasão dos EUA mantém letras e listras; a Espinaler mantém o peixo e fonte serifada; o SPUD matém o peixe comendo batata e seu velho nome, et cetera…
Ah, essa dica também reforça o “descartar o que não é essencial” e lembra uma regra do design de bandeiras: tente fazer algo tão simples que até uma criança seja capaz de memorizar e desenhar de cabeça!
Procure respostas no passado da marca
O redesign da Carlsberg é uma das melhores coisas que já vimos aqui pois ele aproveitou o legado da cervejaria tão bem que salvou a marca da falência!
Lembre-se sempre que uma marca é uma história/promessa, e isso precisa estar óbvio para os clientes pois é justamente a empatia entre cliente e marca que resulta em vendas e Brand Loyalty.
Isso se provou bastante real quando a Carlsberg começou a chafurdar pois seus clientes não sabiam mais o que ela representava; porque ninguém mais lembrava que ela teve impactos científicos na medicina, produção de cerveja mundial et cetera… a Carls era uma gigante se vendendo como coadjuvante.
Solução? O Branding focou com tudo na história riquíssima da Carlsberg e issou retomou as vendas e a colocou de volta em centenas de pontos de vendas que já tinham desistido da marca!
(E ainda passou a liderar nossa tag de melhores projetos!)
UMA MARCA NÃO É UM LOGO!
Lembre-se da analogia com os rostos dos teus pais sempre que você estiver redesenhando uma marca pois, a não ser que eles sejam hor-ro-ro-sos, eu duvido que você mudaria os “redesenharia” por completo só para satisfazer teu ego.
O nosso artigo sobre como fazer a melhor marca da sua vida deixa claro como um logo é o símbolo de uma cultura empresarial, presença no mercado, legado na sociedade et cetera… quando você desfigura um logo, você desfigura tudo que ela representa para os clientes também.
Você é um projetista, não um desenhista, então projete exatamente a imagem que o seu cliente precisa e você certamente será respeitado por ele e recomendado para outros! 😉
9 Responses
Comments are closed.