Guia de Naming Completo: do Rascunho à Internacionalização

Guia de Naming Completo: do Rascunho à Internacionalização

Que tal preparar o seu almoço em família com o incrível Bate Pik?

Foto da caixa do processador de alimentos Bate Pik ao lado do processador fora da caixa.

Esse processador de alimentos era um líder dos piores nomes de marcas brasileiras até recentemente, quando a fabricante se tocou e mudou o nome para “Pik Alho” para parar de ser alvo de chacota na internet.

Porém nem toda marca se toca e amanhã você pode se ver num projeto indígeno chamado “Daki-dao-anos”, por isso hoje te ajudaremos a evitar as armadilhas de naming e a criar o seu próximo nome de sucesso. Bora lá!

Tópicos do Artigo 

O que significa Naming?

A tradução de naming seria algo como “criação de nomes” para marcas e produtos, sempre com o objetivo de criar empatia com o público-alvo, diferenciar a marca, e encantar o cliente num piscar de olhos.

O problema é que há várias armadilhas nesse processo: a lei permite várias marcas a terem o mesmo nome; cada dia há menos domínios disponíveis; e o cliente pode simplesmente cagar para a sua ideia genial.

Pois é, o processo de naming no branding é ridiculamente ardiloso, mas a boa notícia é que há técnicas e estratégicas de naming para te ajudar com isso.

Três bolas de papel amassadas próximas a um caderno


Como fazer Naming

[bs-quote quote=“Uma ideia inicial genial quase sempre morre no primeiro apontar de lápis.” style=“style-17” align=“center” color=”#62366f”][/bs-quote]

A primeira coisa a ter em mente é o óbvio: somos todos seres humanos.

Parece bobeira falar isso, porém isso significa que..:

  • Os cérebros de todos nós funcionam mais ou menos do mesmo jeito;
  • Compartilhamos um mesmo background cultural;
  • Somos educados pelas mesmas fontes de conhecimento;
  • Consumimos as mesmas mídias e entretenimento.

O resultado é que todas as nossas ideias geniais já passaram pela cabeça de alguém, e geralmente não é preciso mais que 5 segundos no Google para ver aquele seu lampejo de criatividade virar pó.

Se você quer criar o nome da sua marca com eficiência e qualidade, então aprenda a criar as bases do seu projeto logo abaixo. ↓

Cachorro sentado numa cadeira de escritório, sendo entrevistado por três profissionais enquanto fala "tendo petisco no nome, tá aprovado!"


Briefing de Naming

Cada profissional tem o seu próprio modelo de briefing, porém há alguns fatores básicos que todo briefing deve ter..:

  • Qual é o conceito da marca? Por que ela existe?
  • O que essa marca faz que ninguém faz?
  • Qual é o produto / serviço?
  • Quem é o público-alvo e onde ele está?
  • Quem são seus grandes concorrentes?

Esse é o básico do básico, mas como eu já disse que cada profissional tem o seu briefing, aqui vão minhas sugestões de perguntas:

  • Quais são os três valores da sua marca?
  • Qual é o grande problema que seu cliente quer resolver?
  • Onde essa marca pretende chegar nos próximos 5 anos?
  • Por que eu não deveria procurar o concorrente?

Há outras coisas que vale à pena descobrir sem perguntar a fim de evitar que o seu cliente acabe tentando mandar no projeto..:

  • Que impressão a marca deve causar?
  • Que emoções devem estar associadas ao nome?
  • Que nomes (de empresas em geral) te agradam?

Por fim, uma pergunta que é só pra ti: o quão descritivo o naming deve ser?

Você não quer que uma loja de celulares se chame Smartphones S.A., afinal de contas, essa veia tecnológica pode levá-la a vender laptops daqui um tempinho, o que tornaria o seu nome num grande problema.


Brainstorm para Naming

Branding: como contar a verdade no Storytelling da Marca! 2

Usar um gerador de naming é perda de tempo, por isso faremos um exercício de criação tendo como exemplo uma hospedagem de sites em nuvem.

Um problema comum de web-empreendedores é que a maioria dos hosts te atendem bem início, porém é só você crescer um pouquinho que o serviço fica numa instabilidade infernal e insustentável para qualquer negócio sério.

A nossa empresa X é diferente e garante que seu site não só não cairá à toa como poderá crescer direto sem dores de cabeça.


Criando o Naming

Fase 1 — Conceitos: descubra o que está no coração da sua marca e o que o cliente tem que sentir ou pensar ao ouvir seu nome.

Pouca coisa apavora mais um webpreneur do que ficar ficar offline em um pico de acessos (ou mesmo em um dia comum), por isso é importante deixarmos claro que isso não vai rolar na empresa X.

Como essa preocupação costuma estar associada a quantidade de acessos, o nosso nome também precisa deixar claro que não haverá quedas ou lentidão independente do fluxo de usuários. Por isso os conceitos serão:

  • Estabilidade (sempre rápido/online);
  • Escalabilidade (crescer com preocupação zero);
  • Sofisticação (pois esse é um serviço premium).

Ps: note que escolhi só 3 conceitos, mas por que? Porque ter muitos valores significa que há 90% de chance de você não levar nenhum deles a sério. Um dos grandes segredos dos negócios de sucesso é o foco!


Fase 2 — Exploração: que coisas se correlacionam com os conceitos da marca.

Faça um brainstorm pegando um papel e escrevendo tudo (eu disse “tudo”) que vier na sua cabeça quando você pensa na marca. (Ficou claro o “tudo”?)

Siga as seguintes dicas para fazê-lo com mais eficiência:

  • Não enfeite os escritos pois isso atrapalhará o fluxo. Seu objetivo é escrever desregradamente até ter um “blocão” de observações como, todo bom mindmap;
  • É para escrever um “blocão” mesmo, parando de escrever somente quando o papel estiver cheio de ponta à ponta;
  • Circule / sublinhe as observações mais relevantes AO FIM do processo.

Note que eu falei “conceitoS” ao início, o que significa que você fará isso tudo para cada um dos conceitos que você deu à marca.

Eu vou poupar teu tempo e considerar como único conceito da nossa empresa X a escalabilidade (que é o mais importante aqui) e fazer um único brainstorm em tempo real, que você pode ler abaixo:

Horizonte; céu; oceano; espaço; infinito; crescimento; lucros; dinheiro; empresa grande; mais negócios; oportunidades; velocidade; papa-léguas; et cetera; et cetera.


Fase 3 — Pesquisa & Correlação: descubra coisas e termos relacionados aos melhores resultados da fase 2.

Essa é a hora que você vai lá no Google imagens e procura coisas interessantes que estão ligadas ao seu conceito. Pode ser que saia coisas tão loucas de lá que valha a pena até refazer a fase 2 com alguns deles!

Outra dica indispensável é procurar traduções dos seus conceitos em outros idiomas. Por que chamar nossa empresa de “Horizonte” se podemos chamar de “Horizon” ou “Horisontti”? (Especialmente bom no caso da nossa empresa X que tem como conceito a “sofisticação”.)

Só fala português? Você pode usar o Google Tradutor, o WordReference, e comunidades como o HiNative para validar as suas ideias.

Mas pensando melhor aqui, o horizonte não parece tããão distante quando você olha para ele, o que não atende muito o nosso conceito de escalabilidade para qualquer porte de site ou empreendedor…

Que tal focar no “infinito”? Eu quero que nossos clientes sintam que não há limites para o crescimento deles, e o infinito é uma boa representação disso.

Mas antes de batermos o martelo, bora analisar as categorias de naming!


Tipos de Naming

Naming Fictício

O nome saído da tua cabeça e que pode ter diversas origens (ou mesmo nenhuma)

Ex: Häagen-Dazs não significa nada. A ideia do nome era dar uma sofisticação a marca remetendo à língua dinamarquesa (daí o trema logo no início).

Vantagens

  1. Nome realmente único e que diferencia a marca no mercado;
  2. Facilidade para registrar o nome, domínios, redes sociais e etc.;
  3. Livre de associações óbvias, abrindo portas para o Branding agir.

O problema é que esse é o tipo mais complexo para quem é da filosofia do “o naming deve ser atrativo para o público-alvo de cara”.

Häagenz-Dazs é um nome bacana quando você vê uma embalagem bonita e um preço alto, mas e se ambos preços e designs fossem medianos? Provavelmente seria só um nome escroto e quiçá visto como pobre.


Imagem do João Kleber gritando "para, para, para!"

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Naming Composto

O designer simplesmente junta várias palavras para fazer o naming

Ex: Gatorade vem de Gators Aid, que significa “ajuda aos gators” (sendo os Gators o time de futebol americano da University of Florida, para os quais o Gatorade foi desenvolvido).

Aqui vale notar que o designer fez questão de transformar “aid” em “ade”, que soa exatamente igual no caso, porém deixa o nome visualmente melhor e levemente mais criativo.

Vantagens

  1. As mesmas facilidades de registro do nome fictício;
  2. São fáceis de identificar e criar conexão com o público;

Porém há o risco de serem criativos demais e até mesmo impróprios, como é o caso da depiladora “Pelo Menos”. Eu achei o trocadilho legal, assim como várias mulheres que riem e acabam tendo vontade de engajar com a marca—que é o objetivo do naming—mas conheço mulheres que acham uma idiotice qualquer.

Nesse caso não é nada demais, mas imagina em nichos mais sérios, como um escritório de advocacia chamado Salvabandi e o remédio para hemorroidas Curacu… Meio complicado, não? 😛


Palavras Reais

Palavras comuns e que fazem todo sentido com os valores da marca

Ex: Google vem de Googolplex, que é o nome de um número TÃO grande que todas as partículas do universo são 1080 inferiores ao número. Ou seja: busque seu problema no Google e você encontrará infinitas soluções para ele!

Vantagens

  1. O naming já traz associações conhecidas, facilitando a identificação e trabalho do branding;
  2. O nome tende a ser mais fácil de pegar (é mais fácil memorizar Prestígio do Häagen-Dazs).

Porém nota-se que a criatividade já começa a morrer aqui, né? Talvez não seja o melhor tipo de nome para um público mais jovem, que geralmente pende para algo mais criativo e descolado.


Nomes Reais

Naming inspirado em nomes de pessoas e lugares

Ex: McDonald’sMonsato são nomes de fundadores, e Amazon o nome de um rio.

Esses com certeza são os menos criativos, mas isso NÃO significa que eles são inferiores já que..:

  1. Pode ser um nome célebre, como é o caso da Obama Foundation.
  2. Ou um nome que traz um ar de sofisticação, como o nome Ferrari.
[bs-quote quote=“Todo tipo de naming é perfeito se aplicado ao contexto correto; não se prenda a dogmas.” style=“style-13” align=“left” color=”#62366f”][/bs-quote]

O problema aqui é saber quando a ideia cola ou não: é muito fácil você soar sofisticado no Brasil com um naming tipo Lamborghini, mas e se o nome for Silva ou Pinto? Te anima ir ao Bar do Pinto ou a Lanchonete Silva? Escritório Silva & Pinto? Eu ouso a dizer que não.

O segredo aqui está na sonoridade OU prestígio do nome, e não no que ele significa em si. Por isso é melhor fazer isso com nomes gringos (Maserati, Lous Vuitton) e evitar os nomes corriqueiros do seu país, já que provavelmente serão vistos com toda indiferença do mundo.


DICA: A Psicologia do Naming & Sonoridade


Como escolher o nome da marca [Infográfico]

Com tudo isso feito, chegou a hora de:

  • Pegar seus nomes favoritos e avaliá-los (sem o cliente).
  • Ver se o nome está disponível para registro.*

* Você pode contratar alguém fazer essa avaliação jurídica de naming no INPI, mas já te adianto: marcas podem ter nomes iguais se em segmentos diferentes.

Nada te impede de criar uma agência chamada Outback, embora já haja um excelente restaurante com esse nome (assim como um biscoito bem horroroso).

É só ter bastante vergonha na cara e não imitar conceitos e logotipo, né? Senão o processinho é bem merecido, hahaha!


Critério de Avaliação de Naming

Bons nomes não são necessariamente adequados, assim como o bom nome de uma empresa não é necessariamente bom para outra, por exemplo: Casas Bahia funciona pra loja de eletrodomésticos, mas seria risível caso criassem Computers Bahia ou Gadgets Bahia. (Pode funcionar? Claro, mas é tão convidativo como alguém chamado Josiscledilsom.)

Por isso é importante que você pegue as possibilidades de naming e as submeta sob as seguintes avaliações:

1) Alinhamento com o branding.

Isso é óbvio, mas é fácil ser seduzido por outros critérios e se perder no caminho. Lembre-se que o nome tem que se alinhar com os valores da marca, e não simplesmente ser algo legal “que pega”;

2) Originalidade e destaque no nicho.

Assim como você é uma pessoa única, e por isso é amado por quem é, a sua marca precisa única para ser amada nesse mar de “empresários sedentos por dinheiro”.

3) Fácil assimilação e memorização.

Chamar um sorvete de Eistüte faz perfeito sentido para quem fala alemão, mas soará ridículo para o brasileiro padrão que sequer conseguirá gravar a escrta e/ou pronúncia. Em outras palavras: não basta só ser original e fazer sentido.

4) Atemporalidade.

Evite se pautar em modismo, tipo Biscoitos Lacração. Modismos geralmente não são levados a sério no meio executivo e podem inclusive queimar teu filme.


E qual é o nome do nosso exercício?”

Vamos de INFINITE Cloud Computing no nosso webhost!

  • É fácil-fácil memorizar o nome “Infinite”;
  • O “Infinite” mostra o nível de potência da tecnologia;
  • Está em inglês como o público-alvo gosta;
  • É um nome fácil de internacionalizarmos;
  • O complemento “Cloud Computing” deixa claro o tipo de tecnologia;
  • O brasileiro mais “leigo” ou “simples” ouve e se impressiona.

Não é o nome mais criativo do mundo, mas certamente é perfeitamente adequado e funciona — que é o que realmente importa.


Ferramentas de Naming [Avaliação]

Google Forms: te permite fazer enquetes com milhares de pessoas e descobrir o que terceiros acham do teu naming.

Combine perguntas objetivas e subjetivas, assim você receberá bastantes insights que te ajudarão bastante a se guiar no projeto.

  • Esse nome soa mais A, B, C, D…?”
  • Esse nome te lembra X, Y, Z?”
  • O que você pensa quando ouve o nome X”?

Word Safety: Essa ferramenta de avaliação de naming descobre se a palavra escolhida é ofensiva em outra língua.

E não se engane em pensar que você só deve usá-la para marcas grandes: há inúmeras palavras em outros idiomas que milhões de pessoas do seu país conhecem e você não.

Como a ração Pitty: em inglês, pity significa lástima e dó (e dos piores). Embora o público-alvo não tenda a ser bilíngue, basta uma pesquisa no Google ou um amigo X9 para acabar com a percepção da marca (que já não é das melhores).


Finishing him

Os desafios do projeto de naming são semelhantes aos de um projeto de logotipo — onde você tem que se destacar na sua criatividade e ainda garantir que não está cometendo algum plágio —, por isso não se assuste!

É só seguir esses passos e você estará bem encaminhado na escolha de um bom nome para a sua marca, e o melhor: com uma forte base argumentativa para convencer seu cliente e seus stakeholders.

A minha dica final seria contratar um profissional de registro para verificar a validade dos nomes escolhidos para a marca, assim você não só garante que a casa não vai cair para o cliente, como seu filme não queimará feio!

E por fim, o de sempre: se estiver faltando algo, fala pra mim (e se estiver bom, compartilhe)! 😉

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