Iniciar uma carreira de design não é nada fácil. A exigência é grande, as vagas são disputadas e o salário é quase mínimo — isso sem contar que todo mundo acha que entende seu trabalho melhor que você!
Não bastasse isso tudo, quase todo designer têm a sensação que a faculdade deixou a desejar em vários aspectos, e isso faz todo sentido já que o mundo do design é grande demais para caber num currículo.
A boa notícia é que a solução é mais fácil e barata do que você imagina. Basta se atentar a alguns detalhes simples e logo você estará centenas de passos a frente dos seus companheiros de classe!
Busque referências criativas [1]
[bs-quote quote=“O segredo da criatividade é esconder bem as suas referências.” style=“style-17” align=“center” color=”#5f4b8b” author_name=“Albert Einstein (dizem)”][/bs-quote]Há um “novo ditado” em inglês que diz “everything is a remix” (“tudo é um remix”), ou seja: nada é 100% original e tudo que você fizer já foi pensado ou mesmo criado por alguém.
O que é a Netflix senão uma locadora online? E o iMac? Era só mais um PC até que o Steve Jobs criou o iMac G3 colorido, tornando‑o muito mais atraente que os caixotes cinzas que concorriam com ele.
O fato é que não importa o quão original seu trabalho é desde que ele não seja uma cópia descarada / fruto de trabalho desonesto.
“Ah, então pode usar Freepik?” Com certeza! Desde que o cliente saiba OU suas edições não sejam só de texto, ninguém irá se importar.
“E ícone pronto do FlatIcon, pode?” Oras, o usuário final tá cagando pra originalidade do seu ícone desde que ele cumpra seu propósito!
NÃO, não estou dizendo que é pra você sair reciclando trabalho por aí, mas que o grande objetivo deve é ser honesto e eficiente. Eu sei que você quer sempre ser O Criativo o tempo todo, mas às vezes o tempo (e o bloqueio criativo) não deixam, então não tenha medo de pegar o caminho mais fácil nessas horas. (Eu disse “nessas horas”, não em todas, hein?)
Ah, e lembre-se de uma coisa: quando o cliente diz “me faz um job criativo”, o que ele realmente quer dizer é “me faça ganhar dinheiro”! 😉
[bs-quote quote=“O capitalismo gosta de dinheiro, não de criatividade. Inovar por inovar é inútil.” style=“style-17” align=“center” color=”#5f4b8b” author_name=“Romario Eichlig (eu!)”][/bs-quote]Seja um bom observador [2]
Já se perguntou porquê muitos designers de sucesso não têm formação?
Gente como Jessica Svendsen (designer na Apple) entrou na área pois era apaixonada pela leitura e um dia se pegou analisando tipografia e design editorial, assim ela começou a dissecar e reproduzir esses jobs e voilà: virou a nova designer da Apple! (Simplifiquei, claro.)
Se aprofundar no design alheio não só te ajudará a entender porquê um trabalho é foda como é, mas também irá aumentar seu campo criativo já que você poderá resignificar partes de tais jobs em seus futuros trabalhos, criando seu próprio “remix” criativo.
Mas quer uma dica melhor ainda? Analise o mundo ao seu redor! Hoje eu não fico mais de saco cheio ao fazer compras com mulheres, por exemplo, pelo simples fato de que todo ambiente tem algo interessante a ensinar.
Às vezes admiro incríveis designs de embalagens de cosméticos; às vezes é uma roupa que eu julgo horrorosa, mas claramente faz sucesso entre as clientes; e às vezes estou simplesmente analisando o design de interiores para entender como aquilo beneficia a marca.
“Ah, mas isso tudo é inútil, eu não sou designer de interiores!” É verdade, porém todo designer (ou seja, pessoa que projeta) passa por projetos criativos semelhantes ao seu, logo até as soluções de um engenheiro podem ser muito inspiradoras para um designer.
Você não irá tirar nenhuma puta lição olhando azulejos, mas isso irá te ajudar a pensar texturas, padronagens, cores et cetera porque — embora a organização de uma loja não seja equivalente a um layout — tudo que está alí foi cuidadosamente pensado por um criativo, bem como seus jobs de design devem ser.
Tipografia NÃO é secundária! [3]
Vários cursos de design tratam tipografia como detalhe e alguns sequer têm aulas sobre o assunto, porém fontes milionárias como a IBM Plex mostram que a tipografia está longe de ser uma trivialidade de perfeccionistas.
A tipografia influencia o seu cérebro reforçando de maneira subconsciente tudo que o resto do design está dizendo, logo não adianta fazer os gráficos mais sofisticados do mundo se você encerrar como uma fonte cursiva aleatória que diz o contrário. (Como é o caso de documentos públicos em Comic Sans.)
Aliás, você notou os problemas da placa acima? As letras serifadas são desnecessariamente formais para um massagista aleatório, mas pior do que isso: o kerning falho transformou a palavra “terapeuta” em “estuprador”.
Quer lição tipográfica maior do que essa?! Por isso a minha grande dica é que você deve tratar a tipografia como as artes gráficas em si.
As letras surgiram de desenhos primitivos e basta analisá-las de perto que você notará que elas continuam sendo desenhos, por isso eu pergunto: você jogaria ilustrações aleatórias nos teus jobs? Se não, não faça isso com as fontes!
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DOMINE a Teoria das Cores! [4]
As cores influenciam até 80% das compras, porém muitos designers ainda as tratam como questão de gosto. Não há erro pior do que esse!
Para ficar claro: todo cliente (leigo) consegue tolerar um desalinhamento ou uma hierarquia tipográfica questionável, mas nenhum deles sobrevive a um rosa choque ou vermelho morte. (Citei casos extremos, mas é para ilustrar como as cores podem arruinar tudo.)
Existe um motivo para sermos os únicos mamíferos com visão tricromática que enxergam milhões de tons, então não desperdice isso! Aqui vão alguns links:
- Como usar a Teoria das Cores e suas 6 harmonias;
- Como usar as cores para diferenciar sua marca;
- A importância das cores no Branding.
Ordem & Progresso [5]
Se você não leu nosso post sobre psicologia do design, deixe esse em standby e corre lá pra ler agora!
É importantíssimo saber como a mente humana funciona pois nossos cérebros buscam padrões o tempo todo, logo um design desordenado tem uma chance brutal de ser apático e até mesmo perturbador em muitos casos.
Inclusive é por isso que o design suíço é tão minimalista, assim a mensagem é passada de maneira simples (sem ruídos inúteis) e ordenada, impedindo que o público-alvo fique fadigado e se desinteresse pelo seu trabalho.
E sim, há várias artes por aí que fizeram sucesso por serem desordenadas, mas aqui vale o ditado que “o design é onde a ciência e arte se encontram”. Tenha calma, aprenda as regras do design regrado e porquê ele funciona, e logo você poderá quebrar as regras e fazê-los funcionarem ainda melhor!
Odeia feedback? Mude de carreira! [6]
Essa lição eu aprendi a duras penas enquanto estudava nos Estados Unidos e todo trabalho era submetido ao feedback da turma inteira.
O professor pendura seu trabalho na parede e todos os alunos o rodeiam, apontando o dedo para cada erro e equívoco que você cometeu. (E se um fulano não gosta de você, imagine só o que ele fará…)
Às vezes era sofrido, mas todas as vezes era engrandecedor e foi isso que me permitiu corrigir erros e montar um portfólio decente, conseguindo em poucos meses um estágio que eu fracassava conquistar há 3 anos!
Lembre-se que você é um designer, não um artista; o que você gosta ou não é problema seu e de mais ninguém, por isso seja paciente e sempre procure saber porquê seu trabalho não está agradando.
Seis meses de feedbacks bem absorvidos farão por você o que nenhum bacharelado jamais poderá. Stay humble, stay foolish, and eat feedbacks! 😉