Descubra por que o carro do Google tem um rosto

Descubra por que o carro do Google tem um rosto

Descubra por que o carro do Google tem um rosto

Descubra por que o carro do Google tem um rosto

A Google considerou esse rosto crucial para o sucesso do seu carro autônomo! O que parece bobo, mas faz muito sentido!


Você já olhou para as nuvens e viu um animal?

Esse efeito se chama Pareidolia, responsável por nos tornar máquinas de reconhecer padrões (principalmente de rostos).

Isso foi crucial na evolução humana, afinal, nossos antepassados que sobreviveram foram aqueles que olharam entre as árvores, viram algo que parecia dois olhos e uma boca, e saíram correndo (sem ponderar se era um engano ou um predador).

Por isso vemos rostos em qualquer canto, e sabendo da importância disso, a Google aplicou a Pareidolia em seu carro autônomo por um motivo simples:

Como você se sentiria dentro de uma caixa de metal a 100 km por hora indo pra lá e pra cá?

A Google reconhece que, além do desafio de fazer um sistema autônomo confiável, é importante que você se sinta seguro dentro do Google Car.

Esse é um dos dramas da tecnologia em tudo que tange a antropomorfização (“antropo” se refere a homem, daí a “antropologia”).

Isso porque fazer um robô tomar o lugar de um humano é fácil em termos de programação, mas o relacionamento é outra história – por isso, a antropomorfização do design é essencial para um futuro amigável com as máquinas!

Se você tem uns 25 anos, você provavelmente passou pela seguinte situação: jogando um videogame, ou assistindo animações, a busca dos criadores pelo realismo era tão grande que os personagens se tornavam simplesmente bizarros e nada agradáveis!

Sim, falo daquele personagem que por falta de tecnologia da época resultava em um boneco de cera bizarro que você teria medo de esbarrar por aí!

Existe um termo para isso: é o Vale da Estranheza!

Uncanny Valley

Acima temos um gráfico de robótico que demonstra como reagimos a aparência deles: note que ele começa neutro, e de acordo que sua humanização sobe nós passamos a gostar mais dele (por isso amamos o Wall‑E)! Porém, atingimos um threshold – o limite da empatia – que bota tudo por água abaixo!

Esse é o Vale da Estranheza: algo passou a parecer muito com um humano, mas por não ser igual nos faz nos sentir na presença de uma ameaça (como se encontrássemos um difunto)!

Lembra do Michael Jackson? Se você acompanhou as drásticas mudança na aparência dele, você provavelmente se juntou a maior parte do povo que passou a achá-lo bizarro…

O motivo é que a lenda do Moon Walking acabou passando pela vale 🙁

Por outro lado, como você viu no gráfico, há um contraponto: uma leve humanização é tão agradável que existe um fenômeno que vou chamar de vale da fofura: quantas vezes você já viu um filhote e achou fofo de morrer?

Sério, você NÃO pode resistir a um bêbe panda!

Naughty Baby Panda

O “Vale da Fofura” ocorre porque esses filhotes remetem a aparência de um bebê humano!

E como todos nós somos hardwireds para cuidar de crianças, qualquer coisa com características de um bêbe humano irá despertar nosso amor!

Entre alguma das características necessárias, essas fofuras precisam de: olhos relativamente grandes; e cabeça relativamente grande; além de, obviamente, serem mini-versões dos adultos, exatamente como ocorre com nossos bêbes.

E é aí que chega o Google colocando um rosto em seu smart car!

Recentes estudos sugerem que características humanas sutis, como um nome, uma voz e especialmente um rosto fazem com que um robô deixe de parecer apático e ameaçador, que é o que faz um robô não dormir a noite!

Por isso, Adam Waytz da Northwestern University fez uma simulação de direção com 100 motoristas que passariam por três condições diferentes, sendo elas:

  1. Na primeira condição, a simulação consistia em dirigir um carro manual como qualquer outro.
  2. Na segunda condição, um carro semi-autômomo, capaz de regular a própria velocidade e dirigir.
  3. Na terceira condição, os participantes conheceriam Iris: um simulador idêntico ao primeiro, mas que tem um nome, uma voz (claramente pré-gravada) e um gênero (no caso, uma mulher).

Os resultados são curiosos: os participantes não só gostaram mais da Iris, como a consideraram mais inteligente, consciente e capaz de planejamento do que os outros simuladorese isso levava esses motoristas a estarem bem mais dispostos a largarem a direção e deixá-la tomar o controle da viagem.

E isso foi confirmado por exames clínicos: a pressão cardíaca dos motoristas da Iris estava muito mais estável que a dos demais!

"Waaaaaaaaaall-EEEEEEEE!"
“Waaaaaaaaaall-EEEEEEEE!”

Para testar essa ligação do motorista com a robô, em uma parte da simulação aconteceria uma batida inevitável contra outro carro, e após a mesma constataram que os “motoristas” estavam muito menos propensos a culpar a Iris… contrariando inclusive aqueles que dirigiram o simulador 2, exatamente com as mesmas capacidades, porém nada humanizados.

O motivo? Bom, Iris era tão humana que ela merecia ser perdoada… afinal de contas, todo mundo erra, certo? E sempre é mais fácil culpar o motorista estranho do que o nosso ente querido ao volante.

Segundo Waytz, algumas características são essenciais para a antropomorfização: ser máquina o suficiente para não errar e ser consciente o suficiente para gerar simpatia.

Também é essencial ter uma boa voz, e acima de tudo: ter um rosto é sine qua non (#DeFrenteComGabi), especialmente se esse rosto for fofo!

Num mundo onde robôs já estão trabalhando como médicos, é importante que os seus designers saibam como deixá-los mais confiáveis para seus pacientes!

E aí, você está pronto para colocar um sorriso na Matrix?

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