A Pentagram é a maior agência de design do mundo, responsável pelo Branding de gigantes como o Citi Bank, Mastercard, Saturday Night Live e até mesmo a brasileira Melissa. Você está tendo uma chance única de absorver um pouco dessa expertise sem pagar absolutamente nada! 😉
O texto de hoje é uma entrevista do grande Michael Bierut: um dos maiores nomes da Pentagram reconhecido por projetos de nível mundial que você certamente aplaudiu sem sequer saber que eram criações dele. (E só para citar um caso atual: ele que deixou o símbolo da mastercard sem nome.)
Ah, e vale citar que ele participou do do nosso post “Por que logomarca existe até no Japão, mas no Brasil não?” (← Clique aí!) ?
Tópicos do Artigo
“Por quê designers e não-designers são fascinados por logos?”
Acredito que tenha relação com a compressão de significado já que um logo é a representação de algo enorme em apenas alguns traços.
O ser humano é atraído por símbolos que ressoam com suas próprias experiências e que podem acomodar diferentes interpretações, por isso quanto mais simples for o logo, mais atraente e fascinante ele fica.
E a era digital transformou todos nós em criadores de logos e avatares, logo a arte de criar logotipos (ou seja, capturar o máximo de significado com o mínimo de recursos) ficou mais magnética que nunca.
“O que torna um logo grandioso? O que devemos considerar?”
Como Paul Rand certa vez disse: “um logo deve ser distinto, memorável e bem claro,” e as marcas grandiosas são as que fazem isso melhor que suas concorrentes.
Quanto as considerações, há muitos fatores a se considerar! O primeiro passo é entender que tudo se resume ao cliente, a competição, ao contexto e ao público — são esses fatores que devem moldar sua ideia.
Logo design é estabelecer parâmetros através de perguntas como..:
- Qual é o objetivo do cliente?
- Qual é o melhor uso pro orçamento?
- Como e onde o logotipo será usado?
- Como tornar a marca única?
- O que a competição está fazendo?
- Quem é o público-alvo?
- Onde eles encontram a marca e qual é a visão deles acerca dela?
- Quais são as considerações culturais?
Daí basta destacar algo único sobre a marca que empatize com o cliente e descobrir a melhor forma de colocar isso visualmente em poucos traços.
► Leia “Como criar sua marca pessoal sem surtar” ◄
“O que você acha do WeDoLogos e outros de ‘logos instântaneos’?”
Eu não sei nada pois nunca os usei, mas imagino que sejam um desperdício.
Quando foi a maior evolução no design de logos nos últimos anos?
Eu diria que foi o crescimento das “identidades dinâmicas”, que eu suponho que logo-logo irão cair.*****
É legal criar um sistema de logos onde uma marca só pode ter 10 mil caras diferentes, porém isso também é entrópico e exaustivo — ao contrário das marcas tradicionais que são calmas, confiantes e fixas; símbolos duradouros nos quais as pessoas podem colocar suas interpretações e deixar o dinamismo para o Branding no dia-a-dia.
*** Essa pergunta foi feita há anos e a opinião do Bierut certamente já mudou. Hoje a Pentagram produz marcas do gênero e uma delas inclusive está no nosso post sobre “Tendências de logo design para 2019 e além”.
“Qual é o seu foco ao criar um logo já que em alguns casos a aplicação pesa mais que o Branding?”
Como o meu livro é sobre logos, minha preocupação é sobre a performance de logotipos isolados. Eu não acredito que alguma grande aplicação possa engrandecer um logo, e um bom exemplo é as Olimpíadas de 2002 que foi um grande lançamento estético que partiu do desenho da marca.
Essa estética até fez as pessoas curtirem mais o evento e olharem para o logo mais favoravelmente, porém em nada mudou nossas percepções quanto aos defeitos do logotipo em si.
“Por que escrever um livro sobre logos?”
Eu sou fascinado por logos e suas histórias / processo criativo, assim como sua evolução, aplicação e recepção. Eu não achava livros bons sobre o assunto desde 1970 (exceto o “Marks of Excellence”, de Per Mollerup), daí me pareceu uma boa ideia escrever um livro.
(Dicas de outros gigantes mundiais.)
“Que armadilhas um iniciante deve evitar ao criar identidades visuais?”
Todo mundo quer projetar foguetes já que eles são divertidos e glamurosos, porém não as bases de lançamento que são a parte entendiante da aviação espacial. O maior desafio do designer é desacelerar e pensar no problema!
Quando eu comecei minha carreira, eu achava que eu era o público-alvo, porém aí eu me especializei e vi que o público é o cliente e que ele estava se enrolando com os meus designs lá no mundo real. Sim, o processo de design muitas vezes é solitário e não há com quem conversar, porém quanto mais você interagir com o público, melhor o seu projeto de marca será.
A maior armadilha do design é achar que o briefing diz tudo; ele nunca é! Eu repito: nunca! Tudo o que não te disseram é justamente a coisa mais importante; muitas das suas primeiras ideias serão rejeitadas, porém não desanime: mantenha a mente aberta, pare de achar que sabe tudo, cale a boca e ouça as pessoas.
“Com tanta experiência, você faz identidades mais rápido hoje em dia?”
Acho que o meu processo de criação de logos é quase igual a quando comecei em 1980. Às vezes encontro a solução rapidamente, mas às vezes demoro, e às vezes não encontro nunca…
“Designers Gráficos precisam saber desenhar?”
Honestamente, não mais! Eu sempre irei preferir um designer que leia mais do que desenhe…
E você, concorda com Bierut? Saber desenhar é a base do design ou não? Compartilhe seus pensamentos nos comentários! 😉