Um design de verdade não usa Canva

Um design de verdade não usa Canva

Eu detesto ter que fazer um artigo dizendo o óbvio, mas em tempos em que precisamos argumentar até com terrabolistas, era de se esperar que teríamos que explicar o porquê você deve gastar 224 reais por mês em algo que você poderia ter de graça.

E sim, claro que logo vão surgir “designers” aqui dizendo que profissional de verdade é aquele que resolve problemas, mas sejamos honestos: esses não passam de pobres miseráveis.

Designers gráficos ganham uma média de R$ 2156 por mês, enquanto o pacote Adobe só custa 224, ou seja: um ano de Adobe só equivale a trabalhar 1 mês de graça todo ano. Uma conta totalmente plausível para quem é de humanas!

Teve um babaca que inclusive veio me falar que “a melhor ferramenta é o cérebro” — como se fôssemos contratados para propor soluções criativas, e não apenas fazer artes bonitas. Daqui a pouco vai ter algum idiota desses dizendo que eu deveria participar mais estrategicamente dos projetos em vez de ser apenas mais um decorador de pixels, hahaha…

O texto é claro, “MELHORES SALÁRIOS”, e vocês aí mendigando?!

Deus me livre de ofender alguém com esse artigo, mas está na hora dos designers colocarem na cabeça que o cliente quer a gente usando boas ferramentas antes de tudo. Se não fossem vocês que ficam usando o pacote Adobe pirata, eu tenho certeza que nossa média salarial seria maior. (O cliente sente isso, eu tenho certeza que sente!)

Ain, mas é que com o Canva ele consegue trabalhar de qualquer máquina!” Tá, mas pra que eu iria querer trabalhar em qualquer máquina? O designer de verdade está sempre em seu Mac, não pulando de Windows em Windows. Eu aprendi isso já em 2010, quando entrei na faculdade! (Obs: paguei a última parcela dele hoje. Como 10 anos passaram tão rápido!)

Ain, mas o pacote Adobe tá muito caro!” Cara, se você não pode sequer gastar R$ 2500 por ano com um software, talvez você não deveria ser designer. Eu sei que isso pode soar um pouco elitista a princípio, mas desde quando design é profissão de pobre? O que vem depois disso? Negros trabalhando em agências de publicidade?!

Não me levem a mal, mas é que eu estou de saco cheio desses “designers” que querem discutir as necessidades do cliente, relação custo-benefício e até calcular ROI. (“Return on Investment”, um desses babacas me explicaram.) Tudo que o meu cliente quer é saber que suas artes foram criadas num software foda, e eu inclusive tenho certeza que ele ficaria contente em ter o custo da Creative Cloud repassado para ele!

Antes de terminar, é importante deixar claro que esse post não é uma PubEditorial para a Adobe. Eles jamais me pagariam para escrever esse artigo, afinal de contas, eu já sou obrigado a veicular anúncios deles através dos banners automáticos do AdSense.

Claro que esses anúncios não rendem uma fração de uma mensalidade da Creative Cloud, mas e daí? Tenho orgulho de saber que todos os anos que investi neste blog estão ajudando a baratear a produção de uma mega corporação que fatura 2.5 bilhões por ano. Eu estou fazendo a diferença SIM!

Também quero aproveitar para agradecer a Adobe que teve tanto cuidado em precificar seus pacotes de acordo com as condições socioeconômicas do Brasil. Eu entendo que vocês, sendo a multinacional que são, não têm condições de oferecer um preço mais justo do que esse.

Aliás, antes de criticar, pense em toda logística que é enviar os bytes lá dos EUA pra cá. Você acha que é fácil exportar produtos imateriais?!

Quanto a mim, a Adobe e qualquer outra empresa podem ficar tranquilas pois eu sempre vou pisar na minha própria classe para defender os interesses mercadológicos de vocês. Pelo fim do Canva!

Tá putinho(a) com o artigo? Cuidado, meu amigo(a)..:

Vamos parar de babaquice e trabalhar pelo bem da comunidade. Estamos falando de uma classe que gasta 40 mil+ na faculdade para depois ter 2 mil de salário — você deve ter colegas de trabalho formados que ainda estão endividados.

Eu lembro de entrar na faculdade e no semestre seguinte já mudar de turma pois a vasta maioria dos alunos mal tinham dinheiro para pagar o transporte. Dos que ficaram, só restou eu e mais uns 2 no final do curso, e eu fui o único que saí sem dever nada.

O Brasil é um país miserável e uma ferramenta básica custar mais de 200 reais deveria revoltar todos vocês, não gerar briguinhas patéticas em grupos de design.

Eu já havia sugerido isso no post sobre “Logomarca existe até no Japão, mas no Brasil não?”, mas dessa vez é preciso falar português claro: a comunidade de design está cheia de babacas.

Isso fala muito sobre a altíssima qualidade do mercado de design.

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